Saída Definitiva do Brasil: O Guia Completo para Brasileiros nos EUA Evitarem Problemas com o Fisco

Escrito Por Paulo Oliveira

⚠️ Disclaimer:

Este conteúdo é apenas informativo e não substitui a orientação de um contador ou advogado especializado em tributação internacional. Cada caso deve ser analisado individualmente, considerando as leis vigentes no Brasil e nos Estados Unidos.


Se você é brasileiro, mora nos Estados Unidos há algum tempo e ainda não formalizou sua saída definitiva do Brasil, pode estar cometendo um erro fiscal sério — mesmo sem saber. A Receita Federal continua presumindo que você é residente fiscal no país, o que significa que você pode estar sendo tributado indevidamente, exposto à bitributação ou até sujeito a multas e bloqueio do CPF.

Neste artigo completo e atualizado, vamos explicar:

  • O que é e como fazer a saída definitiva do Brasil
  • A base legal da condição de não residente
  • Quais os impactos fiscais e de compliance
  • O que acontece com seus ativos no Brasil (previdência, imóveis, empresas)
  • Como evitar problemas com a Receita Federal e com o IRS (EUA)

🔍 O Que é a Saída Definitiva do Brasil?

A Saída Definitiva do Brasil é um procedimento obrigatório para quem deixa de residir no país em caráter permanente ou por mais de 12 meses consecutivos. A formalização é feita junto à Receita Federal por meio de dois documentos:

  1. Comunicação de Saída Definitiva do País (CSDP):
    • Deve ser entregue até o último dia de fevereiro do ano seguinte ao da saída;
    • Serve como notificação oficial da mudança de residência fiscal.
  2. Declaração de Saída Definitiva do País (DSDP):
    • Uma espécie de “última declaração de IR” como residente;
    • Também deve ser entregue até o fim de fevereiro do ano seguinte;
    • Contém todos os rendimentos e bens até a data da saída.

📌 Exemplo prático:

Se você saiu do Brasil em agosto de 2023, tem até fevereiro de 2024 para enviar a comunicação e a declaração de saída definitiva.


⚖️ Base Legal: É Possível Ser Considerado Não Residente Mesmo Sem Declarar?

Sim. A Receita Federal reconhece que a condição de não residente pode ser caracterizada automaticamente mesmo sem a entrega da CSDP ou DSDP.

Conforme a Instrução Normativa RFB nº 208/2002, art. 2º:

“A pessoa física que se ausentar do Brasil em caráter permanente, ou que se ausentar em caráter temporário e permaneça no exterior por mais de doze meses consecutivos, será considerada não residente no Brasil a partir do dia seguinte à sua saída.”

Ou seja:

  • Se você não voltou ao Brasil dentro de 12 meses, passa a ser considerado não residente automaticamente;
  • Mas atenção: isso não isenta suas obrigações fiscais — apenas muda sua condição de residente para não residente presumido;
  • A falta da entrega da DSDP ainda pode gerar multas e complicações futuras, como malha fina e cobranças indevidas.

💡 Importante:
Sem a formalização, sua condição de não residente pode ser contestada pela Receita Federal, especialmente se houver movimentações financeiras no Brasil ou no exterior que não foram informadas.


💡 Por que é Essencial Formalizar a Saída?

Apesar da base legal presumir a não residência após 12 meses, a formalização garante segurança jurídica e fiscal.

Veja os benefícios:

SituaçãoSem saída formalizadaCom saída definitiva formalizada
Obrigações com IRPFContinua obrigado a declararNão precisa declarar (exceto rendimentos de fonte no Brasil)
Tributação de rendimentos no exteriorPode ser tributadoIsento no Brasil
Acesso a investimentos no BrasilPode ter CPF bloqueado ou restriçõesMantém CPF regular como não residente
Fiscalização da ReceitaRisco maior de malha finaRedução de riscos com compliance

💸 Impactos Tributários: O Que Muda Após a Saída Definitiva?

Ao ser considerado não residente fiscal, você passa a ser tributado apenas sobre rendimentos de fonte brasileira. A Receita trata seus ganhos da seguinte forma:

🔹 Renda recebida de fonte no Brasil:

Tipo de RendimentoTributação para Não Residentes
Aluguel de imóveisIR retido na fonte (15% ou 25%, dependendo do país de residência)
Lucros distribuídos por empresa brasileiraTributados conforme regime da empresa
Ganho de capital (venda de bens no Brasil)Sujeito a apuração e IR conforme tabela progressiva
Juros e dividendosIR fonte de 15% a 25%
Rendimentos de aplicações financeirasIR fonte de 15% a 22,5%

🔹 Renda obtida fora do Brasil:

SituaçãoTributação no Brasil após saída definitiva
Salário nos EUAIsento no Brasil
Aluguel de imóvel no exteriorIsento no Brasil
Lucros de empresa no exteriorIsento no Brasil
Criptomoedas compradas e vendidas no exteriorIsentas no Brasil, mas tributáveis nos EUA

🏢 Tenho Empresa no Brasil. O Que Acontece?

Se você é sócio de empresa no Brasil, não precisa encerrar suas atividades — mas deve se atentar a detalhes importantes:

  • Você continua podendo ser sócio e receber lucros, mas como não residente, terá retenções diferentes;
  • É recomendado nomear um representante legal residente no Brasil, principalmente para interações com a Receita Federal;
  • Os lucros distribuídos podem ser tributados com IRRF (imposto de renda retido na fonte), especialmente se a distribuição for feita fora dos critérios legais;
  • O CPF deve continuar ativo e regular — o bloqueio do CPF pode impedir movimentações bancárias e societárias.

💡 Dica: Faça uma reestruturação societária com apoio contábil se pretende manter negócios no Brasil.


🏦 E os Investimentos no Brasil?

A permanência de ativos no Brasil após a saída definitiva exige atenção especial, pois a tributação muda. Veja os principais pontos:

🔸 Previdência Privada (PGBL/VGBL)

  • O resgate é possível mesmo como não residente, mas sofre retenção de IR na fonte.
  • Alíquotas variam de 15% a 25%, dependendo do tempo de investimento e tipo de tabela escolhida (progressiva ou regressiva).
  • O VGBL pode ser interpretado como aplicação financeira e tributar o ganho de capital.

➡️ Dica: Avalie com seu contador se vale a pena antecipar o resgate ou manter o plano como investimento.

🔸 Fundos de Investimentos e Renda Fixa

  • Aplicações financeiras de não residentes são tributadas com IR retido na fonte, com alíquotas entre 15% e 22,5%;
  • Algumas corretoras bloqueiam ou encerram contas de brasileiros não residentes;
  • É necessário informar à instituição sua nova condição fiscal — investir com cadastro desatualizado é irregular.

📑 Outras Obrigações Fiscais: E o que dizer dos EUA?

✈️ Se você reside legalmente nos EUA, deve declarar:

  • Rendimentos mundiais no IRS (Internal Revenue Service);
  • Contas no exterior com saldo acima de US$10.000 (FBAR);
  • Investimentos fora dos EUA (Form 8938);
  • Empresas no exterior (Form 5471, se aplicável).

💡 Atenção:
A bitributação pode ser evitada graças ao Tratado Brasil-EUA, mas isso exige que ambas as declarações (Brasil e EUA) estejam corretas e sincronizadas.


✅ Checklist de Regularização Fiscal para Brasileiros nos EUA

Antes de respirar aliviado, siga esta lista de verificação:

🔲 Já estou fora do Brasil há mais de 12 meses
🔲 Ainda não formalizei a saída, mas entendo que sou não residente presumido
🔲 Vou entregar a Comunicação e a Declaração de Saída Definitiva
🔲 Atualizei meus cadastros bancários e em corretoras como não residente
🔲 Tenho ou tive investimentos no Brasil (fundos, imóveis, previdência)
🔲 Tenho empresa no Brasil e estou revendo estrutura societária
🔲 Estou em dia com o IRS e entregando formulários obrigatórios (8938, FBAR etc.)
🔲 Busquei orientação de um contador com experiência em Brasil + EUA


🧠 Conclusão: Regularize e Planeje

Morar fora do Brasil exige mais do que um novo endereço — exige um planejamento fiscal internacional sólido. A saída definitiva é mais do que um formulário: é o ponto de partida para proteger seu patrimônio, evitar bitributação e garantir sua tranquilidade fiscal.

Ignorar essa formalidade pode custar caro, tanto em impostos quanto em burocracia. Por isso, o ideal é contar com um contador especialista em tributação internacional, que entenda as nuances entre Brasil e Estados Unidos

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Conheça o autor da postagem

Paulo Oliveira

Contador e Administrador focado em resolver os problemas nas Finanças das Empresas.

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